O que é aquilo?

Passava um avião sobre o céu de Garanhuns. Parecia esses de tempos de guerra ou que jogam mantimentos a desabrigados. Fazia voltas procurando a melhor forma de jogar sua encomenda. Mais voltas. Era um imenso pacote. Aqui embaixo o povo se acutuvelava esperando a hora que aquela coisa chegaria ao solo. Era imenso. Embalado como se fosse segredo de estado, ou do estado. O avião olhava tudo atentamente, esperava pelo último instante em que estourava a última bomba... de São João. Haviam anunciado dias antes numa terra distante o que havia dentro do pacote. mas somente naquele instante mesmo. Ninguém mais poderia saber. De repente, o cabo é cortado e o imenso pacote colorido e musical foi desmembrado do avião. Pronto, a encomenda estava no ar. Passeia pelo céu de Garanhuns e arrebenta no chão. As pessoas se aproximam como se fosse um OVNI ou um meteoro. Vão chegando perto aos poucos. Mais pessoas vão com VISA. rsrsrs. O que é, o que é, meu irmão? De repente (de novo) ele começa a se abrir, como um desses brinquedos de papel que se arma para fazer cidades, postos de gasolina, bancos, etc. Tinha mais coisa nele que num banco imobiliário da Estrela. Veio pronto e foi só montar, feito Autorama. Os soldadinhos de chumbo, playmobil e até os falcons. Beleza mesmo eram as bailarinas. O manual de instruções dizia como se divertia com aquilo mas se aquele povo num quizesse não tinha problema, no pacote já vinham os bonecos de brincar também. Tudo pronto, só misturar com água e três minutos de fogo. No manual de instruções dizia: Não se aproxime, inflamável. Aquele povo sabia brincar de roda, mas a partir daquele dia teve que dançar de roda seguindo as instruções do pacote. E dançar de roda era simples, todo mundo dançava e se divertia, mas somente até o dia em que o avião mandou as instruções. Ao povo do lugar coube apenas desamarrar a corda e tomar conta do pacote.

A cara da propaganda de Eduardo

Da verve e da saga dos poetas do sertão, São José do Egito, para ser mais preciso. É de lá que aparece (ou reaparece) o rosto e a voz que estampam a propaganda institucional do governo de Pernambuco. O menino Antonio Marinho, filho de Zeto e Bia, artistas populares, poetas e cantadores das coisas de nossa gente. Zeto já falecido. Bia Marinho vai mostrar sua música ainda neste festival. Todos muito ligados ao velho Arraes, de quem faziam também suas campanhas políticas. Antonio Marinho no ano passado apresentou o palco da cultura popular, e até se saiu melhor que este ano, quando comanda a Esplanada Guadalajara ao lado de Marcelo Jorge e uma menina chamada Flaira ou é Flaiva ou é Flaia ou é... Só sei que Flávia não é! Na cultura popular Marinho tinha mais espaço para seus versos e loas, estava em seu território. Agora poucas frases já escritas numa folha de papel, é muito pouco pra quem sabe trabalhar com as palavras que teimam em querer aparecer na hora, e ritmadas com finalzinho parecido.. rsrsrs. Antonio Marinho é bisneto do seu homônimo, considerado um dos maiores poetas populares de toda a história de nossa cultura e neto de Louro do Pajeú, outro ícone. Esse jeito de fazer propaganda fala direto à nossa gente o velho sabia disso e o neto aprendeu, rejuvenesceu os interlocutores e o resto é poesia. Só falta mesmo combinar com alguém que entenda da cultura local pra num ficar falando a mesma coisa em todo canto.

Pra ninguém ficar parado

Faz de conta que estamos em Olinda em pleno carnaval. Bem, é mais ou menos isso que vamos ter nesse domingo no Festival de Inverno de Garanhuns.
Veja a programação da Esplanada Cultural Guadalajara
09h Audejan
10h Silvério Pessoa
11h Astros e Estrelas do Carnaval (Claudionor Germano, Getulio Cavalcante, Beto Ortiz, Nonô Germano, etc)
12h Moraes Moreira
E ao final da noite deve acontecer um cortejo pela Esplanada com blocos líricos e as troças que fazem a história do carnaval e da nossa cultura popular.

Rita chateada com Lula

"Adoro aquele cara" - Assim Rita Lee se referiu ao seu "Lulinha Paz e Amor". Da última vez que esteve no Festival, a mutante inclusive pediu votos para o candidato petista. Mas desta vez ela mostrou uma pontinha de resignação. "Não sei se devo dizer... Mas vou dizer". E lá foi ela. "Ah! Lulinha... defendendo o Sarney (sempre inônica) e junto sabe de quem... do Collor! Ai Lulinha, faz isso não! Mas eu continuo gostando dele e do que ele faz". Aproveito para registrar que ela não quis dar entrevista para imprensa, ou melhor, não quis nem ver imprensa na sua frente, segundo a produção, pediu pra todo mundo se retirar, e mais, não se deixou nem ser anunciada pelos apresentadores. Mas fez um showzão, muito conversado, é verdade, mas um grande show com seus grandes sucessos.

Resultado da enquete - FIG, e agora?

Encerramos a nossa primeira enquete que perguntava sobre a grande atração do FIG. Empataram em primeiro as Ritas, que não são a de Chico Buarque mas também entendem de música. A vovó Lee e a filha da Elis, a Maria. Em terceiro outro empate. Lenine e O Rappa. Como das quatro opções, três já passaram pelo palco maior do Festival de Inverno, o que virá pela frente? A simples espera pelo Rappa? Coisas interessantes virão, mas outras... Deixa eu aproveitar pra fazer umas queixas. Tô vendo tanta gente encrachada vindo de Recife pra fazer coisas (ou até num fazer nada!) que gente daqui poderia tranquilamente fazer e livrar um "extra". E bote hotel, diária, almoço, etc, etc, etc. E tudo mais pago pelo governo, ou melhor, por a gente. E num só é na produção não. Na questão técnica também. Eu acho que é por isso que os apresentadores dizem repetidamente que a realização é do governo do estado e fundarpe e somente o apoio é da prefeitura local. Até um fiscal que me parou na rua é de fora, pasmem! A impressão que fica é que cada vez mais somos apenas espectadores de uma festa que vem pronta de fora. Figurantes de uma peça que a gente criou. Uma festa que estão realizando na nossa casa e nós não fomos convidados. Quanto à enquete, vencedoras como melhores na programação, Maria Rita e Rita Lee. Outra enquete já está disponível. Vote agora. Participe!

crédito foto: http://www.fig.com.br/