segunda-feira, 10 de maio de 2010

A história reescrita - O crime do Padre Hosana

Voltamos agora com o texto completo publicado no Jornal do Commercio do último domingo sobre o assassinato do Bispo Dom Expedito Lopes pelo Padre Hosana, que abalou as estruturas católicas da época e os alicerces da sociedade pernambucana, chegando a Roma. Aqueles aconecimentos ainda estão vivos em nosso cotidiano.

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» ASSASSINATO NO AGRESTE  - A história reescrita
Publicado em 09.05.2010

Professor francês mostra em livro o que levou o religioso a matar bispo de Garanhuns, em 1957
Por Renato Lima - Especial para o JC

URBANA (Estados Unidos) – A história de um dos mais rumorosos casos de polícia de Pernambuco está sendo reescrita. A morte do bispo de Garanhuns, no Agreste, dom Expedito Lopes, assassinado pelo padre Hosana, em 1957, é detalhada num livro do professor da Universidade de Toulouse, na França, Richard Marin. A obra, que será lançada no país europeu, em um mês, traz documentos inéditos sobre o terceiro caso no mundo de um padre que matou um bispo e que agitou a sociedade pernambucana há mais de cinco décadas.
Na publicação, constam relatos jamais confirmados. Entre eles, o envolvimento amoroso com uma prima, que chegou a engravidar, fato responsável pela abertura de investigação pela Igreja e que terminou provocando o assassinato. A vida familiar do padre também é desvendada. Sua relação com os fiéis aparece de forma conturbada. Hosana, inclusive, por pouco não era ordenado, em virtude de desavenças na região.

Richard Marin se interessou pelo padre Hosana ao pesquisar a história da Igreja em Pernambuco, a partir da Teologia da Libertação. Ele é autor de um livro sobre a influência dessa corrente no Brasil, com destaque para a atuação de dom Helder Camara. Em suas pesquisas, na década de 90, ficou conhecendo o caso da morte de dom Expedito Lopes. “Na época eu não achei que poderia fazer um livro de história sobre o tema”, recorda o professor, que conversou com o JC após palestra na Universidade de Illinois, nos Estados Unidos. Entretanto, influenciado pela chamada microhistória italiana, o evento da década de 50 ganhou corpo e virou um profundo estudo acadêmico só recentemente concluído. A morte de dom Expedito Lopes serviu para entender como funcionava a Igreja Católica naquela época, num Estado que se agitava com a eleição de Miguel Arraes para a Prefeitura do Recife e pela liderança de Francisco Julião, com as Ligas Camponesas.

Marin encontrou um verdadeiro tesouro nos arquivos da Diocese de Garanhuns. Dom Expedito Lopes era um homem meticuloso, que registrava os acontecimentos da região em um Livro de Tombo. São verdadeiras crônicas que falam sobre como o povo se relacionava com a religião e as desavenças com padres locais. Ele também se valeu de outros dados, como material do Arquivo Público de Pernambuco, processo judicial, folhetos de cordel e reportagens da época para reconstituir o assassinato.

Dom Expedito nasceu em Sobral, Ceará, em 1914. Era de uma família pobre e teve a oportunidade de estudar direito canônico no Vaticano, entre 1936 a 1941. Voltou ao Brasil e serviu primeiro como bispo de Oeiras, no Piauí, sendo depois ordenado como Bispo de Garanhuns, em 1955. Seus escritos mostram que ele batalhava pelo cumprimento local do que tinha aprendido em Roma. E se surpreendia com a tolerância que exista com os desvios do clero. Entre essas tentativas de enquadrar a considerada boa conduta romana se confrontou com Hosana de Siqueira, o padre Hosana.

Hosana nasceu em Correntes, Agreste, em 1913, numa família com mais recursos que a de dom Expedito. Mesmo sem vocação foi empurrado para ser padre pela família. Temperamental, teve problemas no seminário em Olinda e só conseguiu ser ordenado padre por ter sido transferido para São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. Passou por cinco paróquias até chegar a Quipapá, na Mata Sul de Pernambuco. Não deixava muita saudade por onde passava – frequentemente os fiéis reclamavam dele. Mesmo em Quipapá diziam que ele passava mais tempo no trem indo ver suas terras em Correntes do que cuidando da paróquia. “A Igreja recebe muitas informações, é um tipo de CIA”, compara Marin. “Você não tem ideia da quantidade de informação que chega à Cúria. Uma briga de vizinho, às vezes, resulta numa carta enviada. Através disso dá para entender a região, as redes sociais”, explica.

ARQUIVOS

E é nesse arquivo que se encontra a maior revelação do caso Padre Hosana. Apesar de ele ter negado até a morte, em 1997, há o registro de que realmente tivera um caso com sua prima, Maria José. E que chegou mesmo a engravidá-la e convencê-la a abortar a criança no Recife, além de manter outra amante. Hosana, segundo os documentos, tranquilizava a prima dizendo que a situação dos dois era comum na Igreja. Ela apenas deveria sempre se confessar com ele.

O acordo estava dando certo até que a prima viajou para o Congresso Eucarístico Internacional, no Rio de Janeiro, em 1955. Lá, Maria José se confessa a um religioso holandês que fica horrorizado com o caso e o fato dela continuar vivendo com o padre. O holandês insiste, por meio de cartas, para que ela o autorize a levar o caso ao bispo de Garanhuns, o que Maria José aceita. De posse da informação, dom Expedito se aconselha com a Nunciatura no Rio de Janeiro, uma espécie de embaixada do Vaticano no Brasil. “A Igreja não gosta de escândalos e de forma sigilosa foi recomendado a dom Expedito iniciar um processo diocesano”, diz o historiador. Dom Expedito foi assassinado antes da conclusão do processo. Em 1º de julho de 1957, padre Hosana dispara três tiros em dom Expedito.
“No dia morte, a rádio diocesana ia anunciar a suspensão do padre Hosana. É óbvio que para a família dele isso ia ser um vexame. A minha interpretação é que para defender a honra da família ele mata o bispo”, diz Marin, acrescentando que esse comportamento se relaciona à cultura de violência que persistia na região. Hosana, julgado três vezes, foi condenado a 19 anos de prisão, em 1963. Em 1968, conseguiu a liberdade condicional e se recolheu a seu sítio em Correntes, até ser assassinado aos 84 anos, em 1997. O caso já rendeu dois livros: A bala e a mitra, de Ana Maria César, e Confissões do Padre Hosana, da jornalista Taíza Brito. A morte de Hosana não foi esclarecida e ele sempre atribuiu a boatos sua desavença com o bispo.

Uma visão diferente sobre a Igreja da época

É comum se referir à Igreja antes do Concílio Vaticano II, realizado em 1961, com objetivo de aproximar o catolicismo da sociedade, como monolítica e de rígida hierarquia. Não é isso o que aparece nos documentos aos quais o historiador francês teve acesso em Garanhuns, Agreste pernambucano. A proximidade com a família e o poder local dos padres minam a autoridade do bispo. “O clero tinha subsídio (salário) pequeno, então precisava da família ou fazia negócios, como padre Hosana, que tinha um sítio. A relação com o bispo também é de conflito. Ele vem de fora e fica difícil enfrentar os filhos da terra, que conhecem costumes locais”, exemplifica.

Nas cartas, o relacionamento de alguns padres com o bispo dom Expedito Lopes chega a ser de ameaça. “Os padres daquela época levavam uma vida muito parecida com a das pessoas comuns. Tinham propriedades, brigavam. E me parece que os fiéis aceitam padre com mulheres, desde que isso não fizesse escândalo”, arrisca o professor.

Muitos anos depois do crime, há quem defenda a beatificação de dom Expedido Lopes. Mas há questões práticas que dificultam esse processo, pois a tramitação pode demorar séculos e depende de influências políticas no Vaticano. “Para se obter uma beatificação rapidamente é preciso o caso estar na linha desejada pela Igreja ou ter uma forte congregação por trás. A Diocese de Garanhuns é do interior, pobre e, sobretudo, quando do crescimento da Teologia da Libertação o caso de dom Expedito não era um símbolo da Igreja que estava crescendo”, analisa.

Na raiz do problema está o fato de que o padre Hosana entrou para a Igreja sem vocação, motivado pelo prestígio que a família visava com o cargo. “O caso desse padre sem vocação é muito comum.” Avaliando o caso à luz da chamada crise das vocações atuais, o estudioso defende que o diagnóstico que o Vaticano tem da perda da influência católica na América Latina está equivocado. “A visão que se tem desde (o papa) João Paulo II é que a Igreja para recuperar espaço tem que voltar ao espiritual e deixar o social de lado”, diz. Para ele, uma das saídas é dar maior espaço aos leigos dentro da Igreja e permitir o casamento dos padres.
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Agora comigo: Meus amigos escritores Wagner Marques e Antônio Cândido afirmaram que o texto do americano não soma nenhuma nova informação do livro "A Bala e a Mitra" de Ana Maria Cesar. Mas atentam também para a importância de revisitar o tema. Não li o livro da escritora, e vi a necessidade de gastar as pálpebras sobre ele oportunamente. Vejam o que diz o Cândido:
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Ronaldo, pelo que constou na reportagem, nada que o livro de Ana Maria Cesar " A Bala e a Mitra" não tenha abordado. Interessante por explorar ainda mais o assunto, que por sinal, daria ótimo roteiro para um filme.
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Os estacionamentos para os alunos da AESGA


A Polícia Militar em Garanhuns, e mais precisamente aqueles responsáveis pelo trânsito têm feito um serviço que visa coibir os estacionamentos irregulares em via pública. Isto levou a algumas pessoas a entenderem como excesso algumas ações nos últimos dias.
No dia do jogo do Sport, torcedores acostumados a assistir as partidas no Terraço Chopperia juntos aos amigos, informaram que era quase 11 horas da noite quando a ronda do trânsito chegou para multar os carros estacionados de forma irregular na Rua Euclides Dourado, aquele canteiro ao lado do restaurante. A questão levantada pelos donos dos veículos não era a irregularidade, aliás reconhecida, mas a tolerância diante do horário e falta de tráfego que explicasse a ação proibitiva.
Outro gargalo problemático tem sido a frente da AESGA, onde funcionam nos turnos da tarde e da noite, várias faculdades, e que geralmente tem faltado vagas para estacionar em todo o perímetro vizinho. Na frente da autarquia estão localizadas várias oficinas e equipadoras que precisam da frente das lojas para entrada de veículos. Ao lado, existem vários outros empreendimentos que necessitam de vagas, como a Nordeste Alumínios, Funerária, SENAC, Felix Way, etc. Ainda tem parada de ônibus na frente da AESGA. As vagas internas, já liberadas pela presidente Eliane Simões para os alunos, não são suficientes para a demanda. Os alunos começaram a estacionar no lado do canteiro central, mas por diversas vezes a polícia multou os veículos, o que vem se repetindo, fazendo com que seja impossível agora pensar em parar por ali. Meu amigo Wellington Carneiro já havia lertado sobre o problema em seu blog. Sivaldo Albino, na tribuna da câmara de vereadores, pediu solução para o problema. O assunto tem sido constante nos corredores da autarquia, e sempre sentimos o interesse da instituição de ensino em resolver a situação.
Por falta de vagas, alguns (ou muitos, depende da ótica!) se arriscavam a deixar o carro em parada irregular, e cada vez que soava o apito do guarda... - "Corre que estão multando!"
Agora algumas ações foram tomadas, e uma delas é assunto do e-mail informativo que recebemos e que transcrevemos, da assessoria de imprensa da AESGA.
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Buscando viabilizar soluções que minimizem problemas como segurança e estacionamento para os seus estudantes, a Autarquia do Ensino Superior de Garanhuns (AESGA) firma mais uma importante parceria com a Prefeitura de Garanhuns.
Através de acordo firmado na manhã desta segunda-feira, 10 de maio, a Autarquia Municipal de Transporte e Trânsito (AMTT) estará disponibilizando 150 (cento e cinquenta) vagas para estacionamento dos alunos da AESGA, ao longo da avenida Caruaru.
“A nossa intenção é oferecer, dentro das nossas possibilidades, o apoio necessário para resolver a questão do estacionamento. Para isso contamos com o apoio da Prefeitura de Garanhuns para resolver o assunto, no entanto, pedimos aos nossos alunos que tenham um pouco mais de paciência e obedeçam as normas de trânsito até que a AMTT realize todo o processo de sinalização da Avenida”, informou a presidente da AESGA, Eliane Simões Vilar.
Além deste, a Autarquia do Ensino Superior também oferece cerca de 90 (noventa) vagas nas dependências do Colégio Padre Agobar Valença, conhecido como Colégio Municipal. No local, a Prefeitura, por meio da Secretaria de Serviços Públicos, também investe nos serviços de iluminação de toda a área, como forma de garantir melhorias à segurança dos alunos, bem como dos seus veículos.
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Agora comigo: Esperamos que o problema se resolva, pois não daria para viver só de multa, sem buscar iniciativas que de fato solucionassem o problema. É claro que os abusos devem ser penalizados com as multas, mas é bom também ouvir o outro lado, e buscar a solução de problemas que sejam coletivos, como estes citados neste post. A multa deve ser a arma contra a quebra da ordem, quando a maioria passa a transgredir é porque a ordem precisa ser revista, pois pode estar prejudicando a sociedade.
Que bom que poderemos ter o fim deste problema, neste acordo através da Autarquia de Trânsito.

O Novo Uno - O carro mais popular do Brasil


Talvez fuja do contexto municipal falar de um carro, mas quando se trata de um lançamento feito este que a FIAT está colocando no mercado nacional, o Novo Uno, é bom estarmos sabendo, pois daqui a uns dias as ruas estarão repletas deles, modificando as paisagens urbanas. O mesmo aconteceu com o Gol da Volkswagen, onde o antigo e o novo convivem hamoniosamente na linha de montagem. O modelo do mille continua enquanto chega o Novo Uno, com preços a partir de R$ 27 mil e uns quebrados. Tem também a versão aventureira Way. Outra novidade é que o cliente pode personalizar o carro com milhões de possibilidades, kits, acessórios e adesivos para deixar o carro com a sua cara. Gostei bastante, parece um carro de brinquedo, daqueles da Estrela que brincávamos à fricção! Aliás, os carros estão ficando muito parecidos com esses que nossos filhos nos pedem de presente.
Embora o Gol seja o carro mais vendido do país, afirmamos que o uno (mille) é o mais popular pelos seus preços baixos e manutenção, mas essa disputa vale um trabalho acadêmico. Qual seria o carro mais popular do Brasil?

Começa a entrega das casas populares


Começou a entrega das Casas Populares nos Conjuntos Habitacionais Lula 1 e 2, no bairro Dom Hélder Câmara, a popular Cohab 3. A prefeitura de Garanhuns resolveu fazer, neste primeiro momento, a entrega das habitações por Quadras, ou seja, por grupos de 20 a 30 residências. Na última sexta-feira, dia 7, foram entregues as habitações que compõem a Quadra 11, composta por 20 Casas.
“O Prefeito Luiz Carlos decidiu que as entregas fossem realizadas de forma gradativa, haja vista que a Celpe vem realizando as ligações de energia elétrica nas casas também de forma gradual. Então, cada Quadra de habitações que passa a contar com o abastecimento elétrico é entregue aos seus beneficiários”, registra o secretário de Governo, Carlos Eugênio, que complementa: “temos dificuldades nas ligações quando o beneficiário possui pendências financeiras junto a Celpe, o que inviabiliza o serviço até que a situação seja resolvida, já que a energia elétrica de cada Casa é ligada no nome do seu beneficiário”, esclarece Eugênio.
Além das ligações elétricas, para serem entregues, as Habitações passam por uma revisão geral, quando são realizadas manutenções no telhado e substituição ou recolocação de itens, como: lâmpadas, descargas, portas e torneiras, entre outros, seja por motivo da ação do tempo ou de depredações.
A meta da Prefeitura é entregar, semanalmente, o maior número de habitações possível. Atualmente, cerca de 800 habitações estão em condições de entrega, restando apenas as ligações elétricas e pequenos reparos. Dessas, 112 já foram entregues aos seus beneficiários. As 200 habitações restantes, que complementam um total de mil moradias, já estão em construção, devendo ter os seus trabalhos concluídos nos próximos meses.
O Presidente Lula e o Governador Eduardo Campos farão uma visita oficial ao Conjunto Habitacional, todavia, a Agenda ainda não tem data confirmada.
ENTREGA DAS HABITAÇÕES – Os beneficiários que receberão as suas habitações não precisam se deslocar até o Conjunto Habitacional para obter informações de quando receberão as suas moradias. Uma equipe de assistentes sociais da Prefeitura vem realizando visitas, informando o dia e horário do recebimento de cada habitação. “Contatos telefônicos também são realizados pela equipe da Prefeitura, haja vista que, na sua grande maioria, os beneficiários residem em casas alugadas e mudam constantemente de endereço”, justifica o secretário Carlos Eugênio, que faz um alerta: “é importante que todos os beneficiários que ainda não receberam as suas casas, procurem a secretaria de Assistência Social para atualizar o seu endereço e/ou contato telefônico, para que possamos informá-lo da data de entrega de sua casa”, finaliza Carlos Eugênio.
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com informações da secretaria de comunicação da prefeitura de Garanhuns
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Agora comigo: Depois da demora da entrega, a proposta de ir entregando à medida que as casas estão prontas é de fato interessante, evitando ainda mais espera se pensasse de entregar tudo de uma vez, e ainda evita a degradação do tempo e o vandalismo. A população beneficiada agradece! É aquele ditado -"Antes tarde do que nunca".

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