sexta-feira, 28 de novembro de 2014

CONTRA OU A FAVOR?? Contribuições ao debate sobre a verticalização em Garanhuns




Desenvolvimento com avanço da construção civil, 
ou manutenção da qualidade de vida com investimentos na urbanização horizontal? 
Bons argumentos para fazer você pensar!

Sempre levamos muitos de nossos posts para o facebook, onde os comentários são livres e não temos o problema do anonimato, que na maioria das vezes é instrumento para se atacar as pessoas. Lá, acabamos proporcionando uma interatividade como a que aconteceu com a informação sobre a "Outorga Onerosa", forma que a prefeitura encontrou para driblar o engessado Plano Diretor e autorizar a construção de prédios em algumas áreas de Garanhuns.

Klébia
Interessante que gerou divisões de opiniões, com pessoas de boas formações culturais.

A princípio, o publicitário Mateus Alves e a professora Klébia Sampaio definiram seus sentimentos com poucas palavras: "Uma pena", e "Que Triste!". Respectivamente. 

Antônio Aristóteles, arquiteto, insinuou que era uma medida para proporcionar aumento de arrecadação da prefeitura. E Álvaro Lucard, produtor cultural, reclamou da construção dos espigões.

Aurellius
Por outro lado, Luciano Rodrigues, nosso leitor da Petrobras, afirmou que a medida deve quebrar as imobiliárias, enquanto que Aurellius Mello, jornalista que trabalha em TV em Maceió, escreveu, defendendo o projeto: "Finalmente uma medida para acabar com o absurdo inserido no Plano Diretor de limitação do gabarito dos prédios... A mudança abre um bom caminho para o desenvolvimento do município, através do setor da construção civil que tem sido uma das principais atividades econômicas que mais geram emprego no Pais... A decisão chega tarde... Perdemos excelentes oportunidades, mas ainda é possível recuperar alguns dos projetos que quase iam ser engavetados..."

Aí o debate ganhou ainda mais argumentos..

Elias
Nosso amigo Elias Mouret, produtor cultural, que trabalha na Fundarpe, criticou a iniciativa: "Verticalizaçao não é desenvolvimento em lugar nenhum. Na verdade é um mergulho nos diversos erros cometidos pelas metrópoles brasileiras e do terceiro mundo, e que hj pagam um preço alto por isso. Garanhuns adotando este modelo de prédios e mais prédios, e carros e mais carros, terá a aparência de modernidade que alguns gostam e todos os problemas que ficam para a maioria. 
Há um forte questionamento sobre este tipo de desenvolvimento acontecendo hoje pelo país, e Pernambuco através do OcupeEstelita, encabeça estes questionamentos e uma luta por uma cidade mais justa. É triste ver Garanhuns com sua megalomania ir por este caminho. Estive na cidade estes dias e percebi claramente o quanto o modelo carro, asfalto e concreto tem acabado com o microclima da cidade, um atrativo importante, que tem se transformado em clima de deserto... Quente e seco durante o dia com queda brusca de temperatura durante a noite. A cidade está praticamente desarborizada e sem cinturão verde.
Também não se constroem praças e parques e áreas de convivência social há décadas na cidade. É um engano pensar tb que a construção de espigões melhora o acesso à moradia, eles não são pensados para isso. Muitos dos apartamentos ficam vazios e servem para mais especulação imobiliária. As grandes cidades brasileiras têm milhares de apartamentos fechados. Também há sérios problemas em relação a casas e bens imóveis históricos que quase sempre são destruídos ou esmagados em sua escala por estes prédios gigantes que não dialogam com coisa alguma... E nem vou me ater muito á breguice dos mesmos com suas pastilhas de banheiro. E como desabafo, sinto uma tristeza imensa ao passar na Avenida Santo Antônio e me lembrar daquelas casinhas lindas e ver no seu lugar aquele galpão das lojas americanas...e se eu falar no Castelinho então? Sim quero que a cidade se desenvolva mas não à custa de si mesma."

Audálio
Audálio Ramos Filho, presidente da Câmara, fez a defesa da verticalização: "O projeto restringe a verticalização nas áreas de importância geográfica, como as colinas, áreas de preservação, nascentes, enfim um projeto sintonizado com o crescimento sustentável, por mais paradoxal que seja, mas é a tendência, melhor regulamentar do que vermos construções irregulares como um prédio ao lado do Monte Sinai, tirando a beleza da vista natural..."

Igor
Igor Cardoso, que também é fundador do Instituto Histórico, Geográfico e Cultural do município, a exemplo de Elias, Audálio e este blogueiro, aprofundou a crítica: "Aí eu leio uma desgraceira dessas e lembro do esforço que Ruber van der Linden e toda aquela geração brilhante dos anos 1920-1940 teve para nos legar essa cidade modelo que ainda é Garanhuns, com dois parques, praças aos montes e a intervalos quase regulares, avenidas arborizadas e com amplas calçadas, um bairro residencial planejado e democrático, onde se veem mansões e casas populares, como Heliópolis, enfim, uma cidade horizontalizada e humanizada, constituindo um convite constante à circulação e à vivência do espaço público, ainda livre desses trambolhos desproporcionais que só enfeiam a paisagem, lotam nossas ladeirosas ruas de carros, retiram de muitos (as vistas, por exemplo) para beneficiar pouquíssimos e, se rendem dividendos, é para ainda menos bolsos. Trambolhos que só podem significar progresso - ah, progresso, que preço temos pago em prol dessa palavra! - em mentes alienadas e megalomaníacas. Aí eu leio uma desgraceira dessas e penso no esforço em vão daqueles homens, que pensaram no futuro dos seus e também nos nossos, e no que nós estamos fazendo para, pouco a pouco, acabar com tudo, do Castelinho às Colinas, do patrimônio histórico ao paisagístico, legando um caos urbano para nossos descendentes. Triste.
Sem falar na impressão de que todo o discurso de que "isso é pelo bem, pelo progresso, vai ser feito da melhor forma" só esconde uma nua e crua verdade: os capitalistas, ávidos por dinheiro (ou seja, foda-se a coletividade), pressionam, e o Poder Público, cedendo às pressões, e principalmente para fazer caixa, vende a cidade, entrega-a de mão beijada."

Moacir
Para verem o nível do debate, chegou ainda o odontólogo Moacir Japearson, e concluiu: "O mundo moderno e civilizado anda ao contrário: cada vez mais se limita tamanho pelo tamanho. Pra ser grande é preciso ser funcional. Mesmo que vejamos em várias cidades do mundo uma concorrência pra se fazer o prédio mais alto, esses espigões estão inseridos em áreas de alta densidade demográfica e sem terrenos para expansão. Talvez achar que prédios representem a civilidade é o mesmo que achar que mais carros nas ruas também a represente. A quem vai interessar tais prédios? Quem poderá comprar tais apartamentos? O espaço urbano hoje está tão raro quanto água em algumas cidades. A minha ainda é uma privilegiada nesse sentido. Precisamos pensar isso. Há muitos anos atrás, mais de dez anos certamente , numa prosa com Audálio Ramos Filho, falei da necessidade de um plano urbanístico pra cidade. Moro numa das cidades mais lindas do mundo, mas estão conseguindo enfeáa-la sem o menor dos pudores. Acredito que há que se regulamentar, mas não sei se prédios altíssimos sejam necessários e fundamentais . A um tempo: não sou arquiteto, nem urbanista. Talvez o fosse, porque acredito piamente que toda cidade deveria ter ao menos uns cinco fazendo parte do quadro de funcionários públicos."

Rariel
Para finalizar o Rariel Almeida compartilha nossa informação e comenta: "Já estava mais do que na hora!!! Alguns criticam a construção de edifícios em nossa cidade, porém se pararmos para analisar veremos que está havendo uma devastação ambiental em algumas partes da cidade e está surgindo no lugar da natureza que antes havia, novos condomínios fechados, com valores exorbitantes... Ao meu ver com a construção de grandes edifícios além da degradação de certa forma causar menor impacto ambiental, haverá novas indústrias de construção civil, o que gerará mais empregos e acabará com o "monopólio" de algumas imobiliárias de Garanhuns!"

E você, qual sua opinião??

Para conferir este debate no face, clique aqui.

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